Enfant

mardi, août 29, 2006

Mayakovskaya


Mayakovskaya

Tycho Brahe (1546-1601)


Tycho Brahe (1546-1601)

Tycho Brahe nasceu em 14 de dezembro de 1546, primeiro filho de Otto Brahe e Beatte Bille, uma família nobre da Dinamarca. Antes de seu nascimento, seu pai havia prometido que o daria a um tio, Jorgen, que era vice-almirante. Porém não cumpriu sua promessa. Após o nascimento de um irmão mais novo, Jorgen sequestrou o jovem Tycho, fato que o pai deste acabou aceitando devido à fortuna que o filho herdaria. Seu tio morreu depois, de pneunomia, após resgatar o rei Frederick II (1534-1588) de afogamento, quando este caiu de uma ponte retornando de uma batalha naval com os suecos.
Com 13 anos, Tycho foi estudar direito e filosofia na Universidade de Copenhague. Nesta época ocorreu um eclipse parcial do Sol, que havia sido predito com exatidão. Tycho ficou muito impressionado que os homens soubessem o movimento dos astros com exatidão para poder prever suas posições. Aos 16 anos, seu tio o enviou a Leipzig, na Alemanha, para continuar seus estudos de direito. Mas ele estava obcecado com a Astronomia, comprou livros e instrumentos e passava a noite observando as estrelas. Em 17 de agosto de 1563, Júpiter passou muito perto de Saturno; Tycho descobriu que as Tabelas Alfonsinas erraram por um mês ao predizer o evento, e as tabelas de Copérnico erraram por vários dias. Ele decidiu que melhores tabelas poderiam ser calculadas após observações exatas e sistemáticas das posições dos planetas por um longo período de tempo, e que ele as realizaria.
A vida de Tycho Brahe é bastante curiosa e acidentada . Nascido como fidalgo, e um dos mais importantes da Dinamarca, estava destinado a uma importante carreira política, mas o seu interesse pela observação dos céus fê-lo abandonar essa rota e abraçar a carreira de astrónomo. Aos dezanove anos, já era conhecido pelo seu temperamento tempestuoso. No seguimento de uma discussão sobre um pormenor matemático, envolveu-se num duelo no qual salvou a honra, mas perdeu parte do nariz. Haveria de viver toda a vida com uma prótese de ouro e platina, composta com cera, a cobrir a cavidade.
Em 1572, outro evento importante aconteceu. Em 11 de novembro, Tycho notou uma nova estrela na constelação de Cassiopéia, mais brilhante que Vênus. A estrela era tão brilhante que podia ser vista à luz do dia, e durou 18 meses. Era o que hoje em dia se chama de uma supernova, um evento raro. A grande pergunta era se esta estrela estava na alta atmosfera da Terra, mais perto do que a Lua, onde mudanças podiam ocorrer, ou se estava no céu, contradizendo o dogma do grego Aristóteles, incorporados pelos cristãos, de que a esfera celeste era imutável. Tycho tinha recém terminado a construção de um sextante com braços de 1,6 metros, com uma escala calibrada em minutos de arco, muito mais preciso do que qualquer outro já construído até então, e demonstrou que a estrela se movia menos do que a Lua e os planetas em relação às outras estrelas, e portanto estava na esfera das estrelas. Publicou suas observações no De Nova et Nullius Aevi Memoria Prius Visa Stella (Sobre a Nova e Previamente Nunca Vista Estrela), em Copenhague em 1573.
Em 1575 Tycho já era famoso em toda a Europa, e o Rei Frederick II, que seu tio havia salvo, ofereceu-lhe uma ilha inteira, chamada Hveen, perto do castelo de Hamlet em Elsinore. A Dinamarca pagaria a construção de um observatório, e os habitantes da ilha, cerca de 40 famílias, se tornariam seus súditos.
Tycho então construiu seu castelo dos céus, Uraniburg, e vários instrumentos. Vários relógios (clepsidras, baseadas no escorrimento da água, ampulhetas de areia, velas graduadas ou semelhantes) eram usados ao mesmo tempo para medir as observações o mais precisamente possível, e um observador e um marcador de tempo trabalhavam juntos. Com seus assistentes, Tycho conseguiu reduzir a imprecisão das medidas, de 10 minutos de arco deste o tempo de Ptolomeu, para um minuto de arco. Foi o primeiro astrônomo a calibrar e checar a precisão de seus instrumentos periodicamente, e corrigir as observações por refração atmosférica. Também foi o primeiro a instituir observações diárias, e não somente quando os astros estavam em configurações especiais, descobrindo assim anomalias nas órbitas até então desconhecidas.
Em 1588 publicou Mundi Aetherei Recentioribus Phaenomenis (Sobre o Novo Fenômeno no Mundo Etéreo), em Uraniburg, sobre suas observações do cometa que apareceu em 1577, demonstrando que o cometa se movia entre as esferas dos planetas, e, portanto, que o "céu" não era imutável, e as "esferas cristalinas", concebidas na tradição greco-cristã, não eram entes físicos.
Tycho propôs seu próprio modelo, em que todos os planetas giravam em torno do Sol, com exceção da Terra. O Sol e a Lua, em seu modelo, giravam em torno da Terra.
As contribuições de Tycho para a Astronomia são inúmeras, mas é natural destacar dois ou três marcos famosos. Em primeiro lugar, as observações da supernova de 1572, em que o astrónomo dinamarquês mostrou que as célebres esferas cristalinas do sistema de Aristóteles e de Ptolomeu não podiam ser tão perfeitas e imutáveis como se supunha. Em segundo lugar, as observações do cometa de 1577, em que de novo Tycho, por medição de paralaxe, mostrou que esse fenómeno errático se encontrava para além da Lua. Em terceiro lugar, o estudo dos movimentos dos planetas inferiores - Mercúrio e Vénus - no decorrer do qual Tycho acumulou dados incompatíveis com a localização desses planetas em esferas concêntricas em torno da Terra.
Todos estes sucessos observacionais de Tycho Brahe destruíram a crença nas esferas cristalinas do modelo ptolomaico. O ultimo caso citado é extremamente importante. Tycho mostrou que os planetas inferiores não se encontravam sempre à mesma distância da Terra - se estes se deslocavam em esferas cristalinas essa esferas teriam então de se interpenetrar. Por isso se diz que Tycho «estilhaçou as esferas cristalinas».
Ainda em 1588, o rei faleceu e Tycho foi desatencioso com o novo rei, Christian IV, e com a alta corte de justiça. Seus rendimentos foram drasticamente reduzidos, e em 1597 Tycho deixou a Dinamarca com todos seus equipamentos. Em 1598 publicou Astronomiae Instauratae Mechanica (Instrumentos para a Astronomia Restaurada), em Wandsbeck.
Em 1599 ele chegou em Praga, onde o Imperador Rudolph II o nomeou matemático imperial, e pôde continuar suas observações. Em 1600 contratou Johannes Kepler para ajudá-lo.
Tycho foi um astrónomo observacional da era anterior à invenção do telescópio, e as suas observações da posição das estrelas e dos planetas alcançaram uma precisão sem paralelo para a época. Após a sua morte, os seus registos dos movimentos de Marte permitiram a Kepler descobrir as leis dos movimentos dos planetas, que deram suporte à teoria heliocêntrica de Copérnico. Tycho não defendia o sistema de Copérnico, mas propôs um sistema em que os planetas giram à,volta do Sol e o Sol orbitava a Terra.
Para Tycho todos os planetas, menos a Terra, giravam em torno do Sol – e o Sol e a Lua giravam em torno da Terra. Com tal sistema, o astrônomo dinamarquês imaginou ser possível formular um modelo melhor que o de Nicolau Copérnico (1473-1543). Mas ele morreria antes de tentar comprovar sua teoria.

Copérnico não baseou suas conclusões em sólidos argumentos científicos, mas em considerações de cunho filosófico. Não obstante, suas idéias surgiram no momento certo, pois em pouco tempo três personagens, com base em estudos cuidadosos sobre os corpos celestes, selaram o triunfo do sistema heliocêntrico.

Eram eles: Tycho Brahe, Johannes Kepler e Galileu Galilei. O papel do astrônomo dinamarquês Tycho Brahe foi de fundamental importância, embora o sistema por ele elaborado, uma espécie de híbrido entre os sistemas ptolomaico e copernicano, estivesse destinado ao fracasso.

Tycho era um magnífico observador e em sua ilha dinamarquesa de Hven dispunha de instrumentos de excepcional precisão para a época. Graças a essa refinada aparelhagem, obteve uma enorme quantidade de dados sobre os movimentos planetários.

Assim mesmo, as medições que Tycho Brahe deixou eram tantas e tão precisas que Kepler usou-as para formular as Leis do Movimento Planetário. Kepler conseguiu interpretar corretamente o movimento orbital de Marte, e daí conseguiu deduzir que todos os planetas (inclusive a Terra) giravam em torno do Sol e que suas órbitas não eram circulares, mas elípticas.

Tycho faleceu no dia 24 de outubro de 1601. Seus restos mortais estão na Igreja Tyn, em Praga.


Ilha de Hven

jeudi, août 24, 2006

Grigory Perelman


O matemático russo Grigory Perelman, que resolveu um dos grandes enigmas da matemática, recusou o prêmio Fields Medal, considerado o Nobel da Matemática, segundo informou a União Internacional Matemática.

Grigory Perelman ficou em casa, em São Petersburgo, enquanto os grandes gênios da matemática se reuniam em Madri para o congresso da União Matemática Internacional, que ocorre a cada quatro anos.

Perelman, de 40 anos, deveria receber uma das quatro medalhas que serão entregues nesta terça-feira pelo rei Juan Carlos, da Espanha, durante o Congresso Mundial de Matemática, que está sendo realizado em Madri.

Os outros três matemáticos que receberam o prêmio foram o francês Wenelin Werner, o australiano Terence Tao e o russo Andrei Okunkov.

Conjectura Poincaré
Perelman também é visto como um potencial vencedor do prêmio de US$ 1 milhão (cerca de R$ 2,1 milhões) do Clay Mathematics Institute, em Massachusetts, nos Estados Unidos, por ter resolvido o que o centro considera um entre os sete mais importantes problemas matemáticos do milênio.

A instituição deve dar o prêmio ao matemático quando estiver convencida que sua resolução não tem falhas.

Perelman resolveu a chamada Conjectura Poincaré, formulada pelo grande matemático francês Henri Poincaré em 1904. Para os não-iniciados é difícil entender até mesmo a formulação do problema.

A Conjectura Poincaré é considerada uma das questões centrais da Topologia, uma área da matemática que estuda as propriedades geométricas de objetos que não mudam quando são distorcidos, esticados ou encolhidos.

Durante um século, cientistas em todo o mundo tentaram resolvê-la. Perelman, que trabalhava no Instituto de Matemática Steklov, em São Petersburgo, resolveu o problema há três anos.

A conjectura de Poincaré é tão difícil que o Instituto de Matemática Clay, dos Estados Unidos, classificou-a como um dos sete Problemas do Milênio em 2000, prometendo 1 milhão de dólares em recompensa para quem solucionasse algum deles.

"São como enormes paredes, sem nenhum lugar onde se possa segurar. Não faço idéia de como chegar ao topo", disse Terence Tao, que ganhou uma medalha Fields na terça-feira, junto com Perelman e dois outros matemáticos.

Perelman é a única pessoa a ter solucionado um dos Problemas do Milênio, e sua teoria está prestes a ser verificada por três equipes que estão encerrando um ano de testes, disse Ball à Reuters.

Ainda não se sabe se ele vai aceitar o prêmio de 1 milhão de dólares do Instituto Clay, mas Tao não tem dúvida de que os dois prêmios são merecidos.

"É uma conquista fantástica, o mais merecedor de todos nós na minha opinião", disse o australiano de 30 anos de idade.

A conjectura de Poincaré, proposta em 1904, propõe que qualquer superfície simplesmente conexa, sem buracos, pode ser deformada até se transformar em uma esfera. A questão consiste em saber se os cálculos bidimensionais podem ser modificados para responder a questões semelhantes sobre espaços tridimensionais ou outros. Poincaré achava que sim, mas não provou matematicamente a conjectura.

A conjectura foi demonstrada em 1960 para cinco ou mais dimensões, por Stephen Smale, hoje no Instituto Tecnológico Toyota, em Chicago. Em 1983, outro norte-americano, Michael Freedman, fez o mesmo para quatro dimensões.

Os dois ganharam a Medalha Fields pelos trabalhos, mas a prova tridimensional estava aberta até agora. Perelman resolveu a conjectura por meio de uma técnica conhecida como Ricci, que reduz irregularidades em uma superfície e transforma superfícies em formas mais simples.

Perelman, que divide o aluguel de US$ 74 com a mãe e está desempregado desde dezembro, recusou o prêmio de US$ 1 milhão a ser entregue pelo próprio rei da Espanha e alega que não fez nada de extraordinário.

"Eu não acho que eu seja de interesse público", disse o matemático ao London Telegraph. "Eu não falo isso por causa da minha privacidade, não tenho nada a esconder. Só acho que o público não deve se interessar por mim. Jornais deveriam ter mais discernimento sobre o que publicar, deveriam ter mais requinte. Até onde eu sei, não ofereço nada que acrescente à vida dos leitores", completou.

Perelman vive recluso em São Petersburgo e mantém-se afastado da mídia. "Publiquei meus achados. É isto que ofereço ao público."

Também conhecido como Grisha, o matemático russo colocou sua descoberta na internet em novembro de 2002 e recusou-se a dar entrevistas, dizendo que qualquer publicidade seria prematura - ou seja, até que seu trabalho fosse examinado por outros matemáticos.

Na época, o matemático Tomasz Mrowka, do Massachusetts Institute of Technology (MIT), disse: "Estamos desesperadamente tentando entender o que ele fez".

Desde então, matemáticos de todo o mundo vêm analisando a resolução e até agora ninguém encontrou falhas.

A resolução de Perelman tem profundas implicações para a ciência. Segundo especialistas, ela permite que se faça um catálogo de todas as formas tridimensionais possíveis no Universo, o que significa que poderíamos descrever a forma do próprio cosmos.

Neste contexto, o desaparecimento - ou, para muitos, a reclusão voluntária - do genial Perelman intriga e fascina a comunidade internacional dos matemáticos.

Em entrevista à BBC, o escritor de livros científicos Simon Singh tenta explicar o comportamento excêntrico do matemático.

"Matemática Pura é um assunto tão esotérico que você faz por amor. Você não faz por dinheiro, por recompensas, por reconhecimento ou medalhas", diz Singh.

Para o escritor, Perelman é um exemplo extremo desse tipo de comportamento. "Ele resolveu o problema. E não se deu ao trabalho nem de publicar (em uma revista cientifica) o seu trabalho. Porque do ponto de vista dele, o problema foi resolvido e isso é o que interessa."

Ball disse que a recusa estava "centrada em sua sensação de isolamento da comunidade matemática". "Em conseqüência, ele não quer ser destaque dessa comunidade."

Perelman não deu declarações sobre o assunto.

A solução do problema pode ser vista nos sites http://arxiv.org/abs/math.DG/0211159, http://arxiv.org/abs/math.DG/0303109 e http://arxiv.org/abs/math.DG/0307245. Devido ao tráfego intenso, pode haver instabilidade no acesso aos links.

mercredi, août 23, 2006

Belorusskaya 1

Belorusskaya 1



PS: Clique na foto para ampliar (sempre)

lundi, août 21, 2006

Gustav Klimt

Space Oddity


David Bowie

Space Oddity

Ground control to major tom
Ground control to major tom
Take your protein pills and put your helmet on

Ground control to major tom
Commencing countdown, engines on
Check ignition and may gods love be with you

Ten, nine, eight, seven, six, five,
Four, three, two, one, liftoff

This is ground control to major tom
Youve really made the grade
And the papers want to know whose shirts you wear
Now its time to leave the capsule if you dare

This is major tom to ground control
Im stepping through the door
And Im floating in a most peculiar way
And the stars look very different today

For here
Am I sitting in a tin can
Far above the world
Planet earth is blue
And theres nothing I can do

Though Im past one hundred thousand miles
Im feeling very still
And I think my spaceship knows which way to go
Tell me wife I love her very much she knows

Ground control to major tom
Your circuits dead, theres something wrong
Can you hear me, major tom?
Can you hear me, major tom?
Can you hear me, major tom?
Can you....

Here am I floating round my tin can
Far above the moon
Planet earth is blue
And theres nothing I can do.

Tem mais!

vendredi, août 11, 2006

Blue Velvet



Blue Velvet
Bobby Vinton
(Bernie Wayne/Lee Morris)
She wore blue velvet
Bluer than velvet was the night
Softer than satin was the light
From the stars
She wore blue velvet
Bluer than velvet were her eyes
Warmer than May her tender sighs
Love was ours
Ours a love I held tightly
Feeling the rapture grow
Like a flame burning brightly
But when she left, gone was the glow of
Blue velvet
But in my heart there'll always be
Precious and warm, a memory
Through the years
And I still can see blue velvet
Through my tears

In Dreams


In Dreams
Roy orbison

A candy-colored clown they call the sandman
Tiptoes to my room every night
Just to sprinkle stardust and to whisper
Go to sleep. everything is all right.

I close my eyes, then I drift away
Into the magic night. I softly say
A silent prayerlike dreamers do.
Then I fall asleep to dream my dreams of you.

In dreams I walk with you. in dreams I talk to you.
In dreams youre mine. all of the time were together
In dreams, in dreams.

But just before the dawn, I awake and find you gone.
I cant help it, I cant help it, if I cry.
I remember that you said goodbye.

Its too bad that all these things, can only happen in my dreams
Only in dreams in beautiful dreams.

Nice People


Existem pessoas que deveriam ser proíbidas de envelhecer.

vendredi, août 04, 2006

O Amigo dos Espelhos



O Amigo dos Espelhos
Georges Rodenbach

Georges Rodenbach (1855-1898), nasceu em Tournai, Bélgica, e faleceu em Paris, onde passou seus últimos anos e onde conviveu com os grandes do Simbolismo francês, como Stéphane Mallarmé, Villiers de l'Isle-Adam e Goncourt. Na Bélgica, em sua juventude, fundou a importante revista literária La jeune Belgique com seus amigos Maurice Maeterlinck e Émile Verhaeren. Poeta e prosador, Rodenbach é autor de treze obras poéticas, algumas novelas e romances e dois livros de contos. Bruges-la-morte, é sua obra mais conhecida e traduzida em diversas línguas, inclusive no Brasil. Le rouet des brumes (O caminho das brumas), da qual foram selecionados os contos que aqui constam, é uma obra póstuma, composta de breves narrativas onde loucura, morte e melancolia se combinam com graciosa harmonia de cores. Não estranhe o leitor se nelas encontrar um pouco de "psicanálise", é que talvez Freud também tenha bebido aqui...



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O AMIGO DOS ESPELHOS
(fragmento)



A loucura, às vezes, é somente o paroxismo de uma sensação que tem, primeiramente, uma aparência puramente artística e sutil. Eu tive um amigo, internado numa casa de saúde, onde morreu de uma morte dramática que relatarei adiante, cujo mal começou de maneira anódina e por traços que se assemelhavam aos de um poeta.
Na origem, esteve o gosto pelos espelhos; nada de mais.
Ele os amava. Inclinava-se sobre seu mistério fluido, contemplava-os como janelas abertas ao Infinito. Mas os receava também. Uma tarde em que retornou de viagem, depois de suas longas ausências costumeiras, eu o encontrei em casa, ansioso. "Eu parto novamente esta noite mesmo", disse-me.
— Mas você não pretendia, desta vez, passar o inverno aqui?
— Sim; mas eu parto em seguida. Esse apartamento me está muito hostil... Os lugares nos deixam mais do que nós os deixamos. Eu me sinto um estranho nessas peças, entre meus próprios móveis, que não me reconhecem mais. Eu não poderei ficar... Há um silêncio que eu perturbo... Tudo me é hostil. E há pouco, ao passar diante do espelho, fui tomado de medo... Era como uma água que fosse se abrir, e voltar a se fechar sobre mim!
Eu não me espantei, sabendo do humor sensitivo de meu amigo, conhecendo, de resto, essas impressões de retorno, nas peças fechadas, entre a poeira, o odor contido, o desassossego, a melancolia das coisas que são um pouco mortas durante a ausência... Tristeza de fins de festa! Tardes de retorno, depois o esquecimento da viagem. Parece que todos os nossos velhos desgostos ficados em casa nos acolhem...
Eu compreendi então a sensação experimentada no regresso por meu amigo, e que todos suportam mais ou menos, em ter de retomar sua vida por demais cotidiana... Pois que sendo livre e rico, era natural que o capricho da hora decidisse...
Contudo ele não partiu. Alguns dias depois, eu o reencontrei. Estava indisposto, disse-me ele.
— No entanto você está com excelente aspecto...
— Você diz isso para me confortar. Mas eu me vejo nos espelhos, nas vitrinas... olha! Você não imagina como estou irritado, como estou sofrendo. Eu saio. Creio-me bem saudável, recuperado. Os espelhos me vigiam. Existem agora por toda parte, na casa dos modistas, nos barbeiros, mesmo nas mercearias e nos vendedores de vinho. Ah! os malditos espelhos! Eles vivem de reflexos. Estão à espreita dos transeuntes. Vai-se, não se toma cuidado. E eis que de repente a gente se vê neles, a face ruim, magra, os lábios e os olhos como duas flores adoecidas. São eles, talvez, que nos tomam nossas cores vivas. É de os colorir que nós somos pálidos... A saúde que temos se perde neles como uma bela maquilagem na água...
Escutei meu amigo falar como se se divertisse uma vez mais com esses jogos sutis de conversação, em que ele era excelente. Era um conversador único... abundante, embora precioso. Ele via analogias misteriosas, corredores maravilhosos entre as idéias e as coisas... Sua linguagem desenrolava no ar frases ornamentais que iam freqüentemente acabar no desconhecido. Mas, desta vez, ele não pareceu ceder às fantasias, a um diletantismo de descoberta visionária. Pareceu realmente inquieto, angustiado pelos sinais da doença que os espelhos das vitrinas lhe testemunhavam.
Eu lhe disse: "Todo mundo tem mal aspecto nesses vidros. Neles a gente se vê deformado, macilento ou pálido, com os lábios exangues ou violetas... Percebe-se cambaio ou obeso, muito alto ou muito largo, como nos espelhos côncavos e convexos das feiras. Aí se está sempre feio. Mas eles mentem. E não somos neles mais feios do que sua feiúra, e pálidos como sua doença..."
— Talvez, respondeu meu amigo, tomando um ar sonhador, um pouco reconfortado; são espelhos de má qualidade, espelhos pobres; e é por isso, então, que eles não podem nos mostrar senão com uma saúde empobrecida...
Sem querer, minha conversa teve uma influência decisiva sobre as idéias e a existência de meu amigo. Convencido de que os espelhos das vitrinas não eram verdadeiros, ele quis ter em casa espelhos sinceros, quer dizer espelhos perfeitos, de um aço irreprovável, capaz de lhe exprimir o rosto integralmente, até a menor nuança. E como o testemunho de um só não seria suficiente, não provava nada, ele quis muitos, outros mais, onde sem cessar se olhou, se comparou, se confrontou. Um gosto crescente por ricos espelhos lhe veio, por ódio desses espelhos pobres das vitrinas, espelhos hipócritas, espelhos doentes que o fizeram crer que estivesse doente. Começou por causa disso, sem dúvida, uma coleção...
(...)

Georges Rodenbach. O Amigo dos Espelhos. Trad. de Camilo Prado.
Desterro: Nephelibata, 2005, pp. 17-21.



http://www.nephelibata.com/rodenbach.html

jeudi, août 03, 2006

Esta Mulher! Ùnica! "Diva da Viola Caipira"



"Fui mulher que nasci para agüentar paradas duras, porque nunca aceitei ser mandada por homem. Nasci prá ser eu, resolver tudo, em qualquer lugar do mundo." Helena Meireles

Esta Mulher! Ùnica! "Diva da Viola Caipira"

Eu a assisti e ouvi pela primeira vez há alguns anos atrás. Foi ao acaso, em um documentário que passou numa manhã de domingo. Bastou-me ouvir apenas algumas frases para que voltasse toda a minha atenção para ouvi-la, vê-la, e consequentemente depois de arrebatada por sua inigualável e peculiar personalidade, reverenciá-la.

Helena, esta pequena notável nasceu no dia 13/08/1924 "no meio da boiaderama", na Fazenda que se chamava Jararaca e que pertencia a seu Avô Materno. A fazenda localizava-se no Pantanal do Mato Grosso do Sul, numa antiga estrada de boiadeiros que acompanhava o rio Pardo e ligava Campo Grande ao Porto Quinze, embarcadouro de gado às margens do rio Paraná, na divisa do Mato Grosso do Sul com o Estado de São Paulo.
Helena passou a infância rodeada por violeiros, peões e comitivas. Era fascinada pelas Violas Caipiras, as quais, a família não permitia que ela aprendesse a tocar. Helena, porém, aprendeu sozinha a tocar o instrumento as escondidas uma vez que este mundo a qual ela tanto aspirava era reservado exclusivamente aos homens segundo um preceito da época: "Mulher que aprender a tocar vai roçar nos homens e virar sem-vergonha".
Os pais por sua vez, ameaçavam Helena de cortar-lhe os dedos e dar-lhe uma surra de lavar o lombo com salmora, caso ela persistisse na idéia de tocar instrumentos musicais. E a irreverente Helena respondia: "Tocarei mesmo com os tocos...". Com seus olhos sequiosos e os ouvidos sedentos, Helena grava os sons e as posições da "afinação Paraguaçu" que treinava quando ia com a família ao campo, onde ficava escondida no mandiocal treinando sozinha. Desta forma foi criando fama entre os boiadeiros da região. Helena adaptava uma linha de costura que fazia a vez das cordas da velhaViola a qual lhe fora dado de presente por um paraguaio.
Casou-se por imposição dos pais aos 17 anos e teve 3 filhos. Além da família, agora também o marido a impedia de tocar sua viola e de dançar.
Estrangeira dentro de seu próprio país, "sua Viola sempre foi sua Pátria" e ela não dizia palavra mais precisa do que o Ponteio triste em "acordes auto-falantes". Na música e no modo de tocar a Viola é que estava a sua essência.
Casou-se com apenas 17 anos, por pura imposição dos pais. Nesse primeiro casamento, teve três filhos; como se não bastasse a família, o marido também tentou impedi-la de tocar e dançar; no entanto, ela queria ser livre e o abandonou poucos anos depois. Juntou-se a um paraguaio, que tocava violão e violino; era bom companheiro de música e também de copo; e foram oito anos de convivência. Mais dois filhos e... nova separação.

E, a partir de então, mascava fumo e bebia... Sua índole rebelde não permitiu que tolerasse a família que fazia total oposição ao seu estilo de vida. Entregou os filhos a pais adotivos e passou a tocar em bares e viver em bordéis onde, com seu violão, animava a farra dos boiadeiros. E, nesse processo, conheceu diversos amantes e teve novos filhos, que chegariam a um total de 11.

"Só tocava prá ver a farra, não ganhava nada, mas quando a boiaderama chegava do Pantanal, de cima da serra ou de baixo, trazendo a boiada que ia embarcar em Presidente Epitácio, mandava chamar "a Paraguaia", como eles me conheciam".

Helena conheceu, no bordel do Porto Quinze, um peão pantaneiro, domador de burros bravos, chamado Constantino, que veio a ser o seu terceiro marido, e com quem viveu mais de 35 anos; e seguiram juntos para o Pantanal, onde trabalharam em "retiros" em diversas fazendas nas áreas mais remotas da região.

Mulher decidida, Helena Meireles também foi parteira - e, "parteira de si própria", fez sozinha, por onze vezes, os seus próprios partos - Foi também benzedeira, lavadeira e cozinheira nas diversas fazendas por onde trabalhou.

Com o passar do tempo, Helena deixou de mascar fumo e abandonou a bebida alcoólica, no entanto, não aposentou jamais o Violão nem a Viola, que tocava nas festas locais. Desaparecida da família, acreditavam que ela tivesse sido assassinada por um peão despeitado, na zona do Porto Quinze. Helena ressurgiu em Piquerobí-SP, próximo à divisa com o Mato Grosso do Sul.

Encontrada por sua irmã Natália, Helena, procedente de Aquidauana-MS, tentava chegar a São Paulo-SP, onde ouvira dizer que parte da família se estabelecera há 30 anos. Doente e paupérrima, conservava ainda a destreza instrumental e grande parte do inesgotável e precioso repertório de "jóias lapidadas" do nosso Cancioneiro Regionalista.

Foi descoberta pela mídia a partir de matéria elogiosa publicada na revista norte-americana "Guitar Player". Na verdade, uma fita gravada havia sido enviada aos Estados Unidos por seu sobrinho Mário José, filho de sua irmã Natália; Mário, que já havia morado na "Terra do Tio Sam" tinha um amigo que morava lá e este, por sua vez, encaminhou a fita à redação da revista "Guitar Player". E veio então a fama: Helena "enfrentou pela primeira vez uma câmera de TV" e subiu ao palco de um teatro também pela primeira vez quando se aproximava dos 69 anos de idade. Até então, sua platéia era composta apenas pelos habitantes da Fazenda Jararaca e fazendas vizinhas, além dos peões da "velha estrada boiadeira", bem como os freqüentadores e mulheres de programa das zonas de meretrício e botecos de diversas pequenas cidades sul-mato-grossenses e também do lado paulista da divisa dos dois Estados.

Foi escolhida pela revista Guitar Player como uma das "100 mais" por sua atuação nas Violas de 6, 8, 10 e 12 cordas: o prêmio Spotlight Artist (Revelação) da Guitar Player, em Novembro de 1993, que a incluiu entre as 100 mais da publicação, em meio a "idolatrados" roqueiros e jazzistas, tais como Eric Clapton, Jeff Beck, George Benson e Steve Ray Vaughan. A excelente técnica de Viola de Helena Meireles pode ser confirmada já no primeiro CD, gravado pela Eldorado em Setembro de 1994 em interpretações como "Fiquei sozinha" (Helena Meireles), "Chalana" (Mário Zan - Arlindo Pinto), "Molequinho Malcriado" (Domínio Público) e "Fim de Baile" (Helena Meireles), além de podermos também conhecer interessantes "Histórias e Causos" por ela narrados, como por exemplo, "Parteira de Si Própria". Não obstante o analfabetismo, Helena possui o dom da oralidade, típico do sertanejo. O acentuado sotaque do matuto sul-mato-grossense se mostra patente numa narrativa firme e saborosa, que valoriza nossa cultura regionalista. Narrações essas que não se constituem como "meros causos", mas passagens reais de uma vida aventurosa e repleta de lições para os corações e mentes preparados para recebê-las.

E, apesar da crise pulmonar de que foi acometida durante as gravações, oriundas de seqüelas de uma antiga tuberculose e de várias pneumonias, resultantes da vida desregrada e também dos incontáveis anos lavando roupas nas lagoas e rios do Pantanal, Helena nos mostrou sua voz com bastante esforço, em quatro faixas cantadas.

"Estou ficando louca, não lembro a letra. No tempo em que eu bebia uma cachaça não parava de cantar. Queria era ter vindo para este São Paulo quando ainda era moça. Ia fazer tanto sucesso! Não acho graça em cantar sem beber. Queria ter descoberto o sucesso moça..." Frase dita por Helena num show na Paulicéia Desvairada.

"Agora não toco mais de graça em lugar nenhum." Afirmava Helena, orgulhosa de seu talento, de acordo com Rosa Nepomuceno, na página 402 do seu excelente livro "Música Caipira - da Roça ao Rodeio". E, na página 400 do mesmo livro, Helena também afirmou: "Agora posso aceitar os convites pra churrasco, porque antes não podia comer..." E Helena prosseguia: "Eu sabia o tempo todo que eu tinha uma rosa na mão e que essa rosa nunca ia murchar..."

Determinada como ninguém, Helena passou então a viver numa boa casa avarandada, com churrasqueira e telefone em Presidente Epitácio-SP, próximo à divisa com o Mato Grosso do Sul. Helena também gostava de ouvir Pena Branca e Xavantinho e Milionário e José Rico; na Música Sentimental, Helena garantia que não havia aparecido até então ninguém melhor do que Francisco Alves, o Rei da Voz, por quem tinha grande admiração!

E seu gosto por chapéus masculinos pode ter sido herança do tio Leôncio, que morreu em 1998 com 96 anos de idade e que foi "a Escola de Viola de Helena Meireles". Tio Leôncio testemunhou a trajetória de Helena e viu também a grande reviravolta em sua vida, tendo conhecido inclusive sua bela casa às margens do Rio Paraná, em Presidente Epitácio-SP, onde Helena viveu até o fim de seus dias.

Helena Meireles gravou um total de 4 CD's, tendo sido os três primeiros pela Gravadora Eldorado e o quarto CD, pela Sapucay; são eles: "Helena Meireles", gravado em 1994; "Helena Meireles - Flor da Guavira", gravado em 1996; "Helena Meireles - Raiz Pantaneira", gravado em 1997; e "Helena Meireles - Ao Vivo - De Volta Ao Pantanal", gravado em 2003. A maioria das músicas são composições de sua própria autoria e Helena também nos presenteou com algumas peças de Domínio Público, além de composições tradicionais e consagradas da Região Pantaneira como por exemplo "Chalana" (Mário Zan - Arlindo Pinto) e "Merceditas" (Ramon Sixto Rios). O CD "Raiz Pantaneira" conta também com a participação especial de Sérgio Reis na faixa "Guiomar" (Haroldo Lobo - Wilson Baptista).


E, no dia 23/08/2005, Helena Meireles foi internada na Santa Casa de Campo Grande-MS com pneumonia crônica aguda em ambos os pulmões, além de insuficiência respiratória; chegou a apresentar melhoras consideraveis, tendo inclusive deixado o CTI, no entanto, a Diva da Viola "partiu para o Andar de Cima" na madrugada de 29/09/2005, quando contava 81 anos de idade, deixando um enorme vazio na Música Caipira Raiz e na Boa Música Brasileira...

Faleceu em Campo Grande-MS no dia 29/09/2005.

Pequenina Saltitante


É somente o reverso de mim que permanece triste. O inverso sempre esteve imerso em desolação. Jamais voltarei a justificar-me perante tuas reprovações. Estou saindo para a vida. A dor do outro lado da porta é uma pequenina saltitante compara a dor que carrego dentro de mim.

Cristine Larissa Clasen

mercredi, août 02, 2006


"Uma vida não questionada não merece ser vivida".
Platão

Mudança


"Estou separando meus sonhos
De ilusões sofridas.

Estou encaixotando as dores
E a solidão enfrentada a dois.

Estou limpando os armários
De minha inocência perdida.

Jogando fora minha impaciência
E os momentos de lágrimas incontidas.

Restam dispersos,
Diversos amontoados de angústia
Diante do porvir incerto.

Vou mudar...

Desatar os nós de minha fé,
Desamarrar minhas esperanças.

Recolocar meu viver acabrunhado.

Soltar meu ser na vida.

Florir e perfumar meus dias.

Amar e ser amada finalmente.

E assim, quem sabe, reformulada,
Viver a vida e um amor plenamente."

C. Rubiane

mardi, août 01, 2006

I'll Be Your Mirror


I'll be your mirror
Reflect what you are, in case you don't know
I'll be the wind, the rain and the sunset
The light on your door to show that you're home
When you think the night has seen your mind
That inside you're twisted and unkind
Let me stand to show that you are blind
Please put down your hands
'Cause I see you
I find it hard to believe you don't know
The beauty that you are
But if you don't let me be your eyes
A hand in your darkness, so you won't be afraid
When you think the night has seen your mind
That inside you're twisted and unkind
Let me stand to show that you are blind
Please put down your hands
'Cause I see you
I'll be your mirror
V.U.