Enfant

dimanche, juin 27, 2010

Ah a dinâmica do amor.


Ah a dinâmica do amor.

Ah, o amor. Agora não mais (?); e nossa amizade(?); - Dói-me que teu olhar esteja agora endurecido como de uma estátua de vidro. O que cingi-me é sempre a ternura de teu olhar, unge minha carne fazendo-me adormecer em prazer e acordar em redenção.

Ah, o amor, este vale de sangue, berço de luz, tálamo de dissolução. Ambos desnudamo-nos, tu e eu. Lentamente atiramos nossos trapos, cerzidos pela especulação cotidiana, no chão; extraímos nossas infindas peles, como répteis que acabassem de descobrir-se homens e tenros; desfilamos defronte ao outro desfiando incônscios, levados nas costas de um deus magnífico e mendigo, nosso rosário de vícios e virtudes. Confissão sem erro, remissão sem pecados. Nus e completos como devemos aparecer às amplas imensidões deste universo que aqui habita - que nada e tudo sabe, que vê sem ver, deseja sem importar-se, que nos é indiferente, mas nos quer.

Defronte o oceânico mar desalmamos nossas roupas e sapatos, esfregamo-nos com sal e cinzas; um ao outro, um no outro, caracóis em ebulição. Não o sabíamos, mas assim foi. Esperei diante da porta do teu solar, paciente em esperar, impaciente em entrar. Abriste-me de par, vi-o em teus olhos fundos que lá estava eu, sim; que lindos olhos... Entra e encontra-me onde não sou, dizias-me. Assim foi. Vistos sabe-se lá por onde, perdoados sabe-se lá do que, aceitos sabe-se lá por quem. Ah, como pode.

É irônico e triste que as mesmas coisas que por mim foram mostradas, não sem dor, usadas foram para "justificar" o "término", pelos teus já duros olhos sábios de vida.

As aspas entram como pequeninos símbolos de homenzinhos do senso-comum.
Inspiras-me sempre, mesmo na dor.

Será que algum dia alguém irá amar-te assim tão profunda e intesamente?

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